por : Gilberto Matias
O jornalista Rodrigo Paiva foi demitido por justa causa na última quarta-feira do cargo de diretor de Comunicação da CBF, em razão de ter cometido assédio sexual e moral contra uma ex-diretora da entidade. Mas essa história não para por aí. Um enredo ainda mais sombrio e intrigante viria à tona, envolve um alto executivo da Globo, Ronaldo Fenômeno, o próprio Rodrigo Paiva e uma manobra para a tomada de poder da CBF.
Ao ser informado por um repórter do globoesporte.com na manhã de quinta-feira de que o Grupo Globo iria veicular uma matéria detalhando os bastidores de sua demissão, Rodrigo Paiva não ficou calado.
Em um surto de fúria, aos gritos, ele ligou para o principal editor do Esporte do Grupo Globo e ameaçou revelar um acordo secreto firmado no início da semana com Ronaldo Fenômeno e a própria Globo, que tentaria colocar o ex-jogador como presidente da confederação. Um movimento ousado, maquiavélico, que poderia abalar profundamente as estruturas do futebol brasileiro.
A bolabr apurou que a investida de Rodrigo Paiva não foi ignorada. Diante do potencial impacto dessa revelação bombástica, a Globo recuou. A apuração foi interrompida e a matéria, estrategicamente, engavetada. Uma decisão que levantou ainda mais suspeitas sobre o que realmente estaria acontecendo por trás das cortinas.
ALMOÇO INDIGESTO
Na última segunda-feira, Rodrigo Paiva levou Ronaldo Fenômeno para um almoço na sede da Globo, no Jardim Botânico, com um alto executivo da emissora. Victor Rios, ex-auxiliar de Rodrigo Paiva, também estava presente.
O que foi discutido? Quais as intenções por trás dessa reunião inesperada? Seria uma tentativa de costurar alianças ou apenas mais um capítulo de um jogo de poder ainda mais profundo?
Os detalhes do encontro permanecem envoltos em mistério, mas uma coisa é certa: o almoço promovido por Rodrigo Paiva é apenas a ponta do iceberg de uma trama repleta de segredos, ameaças e interesses ocultos.
O que parecia ser apenas um encontro amistoso na verdade escondia uma articulação inquietante.
No mesmo dia, a emissora levou ao ar no Jornal Nacional entrevista com Ronaldo Fenômeno sobre sua pré-candidatura à presidência da CBF. Isso tudo se deu quando Rodrigo Paiva ainda era diretor de Comunicação da CBF. A ética, no caso, passou muito longe. Lá pelas bandas de Valladolid (digo, muito longe dali).
BOA VIDA
Três dias depois, Rodrigo Paiva mudou o tom com a Globo. No ataque de fúria na quinta-feira, o ex-diretor da CBF disse que iria expor aos jornalistas de veículos concorrentes os detalhes do almoço no Jardim Botânico. Ele afirmou que contaria que a candidatura de Ronaldo Fenômeno seria parte de um plano maior para chegar à presidência da CBF . O objetivo? Restabelecer a “boa vida” da emissora carioca dentro da entidade. Ronaldo Fenômeno e Rodrigo Paiva também prometeram abrir as portas da Seleção Brasileira ao jornalismo da Globo, além de facilitar negociações dos direitos de transmissão dos jogos da Seleção e de competições nacionais.
Ednaldo Rodrigues, o atual presidente da CBF, parece ser o maior obstáculo nesse tabuleiro. Desde que assumiu o comando em março de 2022, ele implementou mudanças radicais, acabando com privilégios históricos da Globo e priorizando a comunicação por canais oficiais da confederação. Além disso, ele é conhecido por sua postura firme em negociações, o que resultou em um crescimento exponencial das receitas da entidade, e obrigou a Globo a abrir os cofres. Para se ter ideia da habilidade do dirigente nas negociações, Ednaldo assinou no início do mês um contrato histórico: A Nike pagará R$ 1 bilhão por ano para vestir a Seleção Brasileira, o maior contrato do futebol mundial.
O plano de Rodrigo Paiva e Ronaldo Fenômeno seria uma tentativa ousada de reverter essa dinâmica. Mas até onde eles estariam dispostos a ir? A ameaça de Rodrigo Paiva expôs um perigoso jogo de poder entre os bastidores da mídia e a gestão do futebol nacional. Um jogo em que alianças, traições e interesses comerciais se misturam em uma narrativa digna de um thriller.
Por enquanto, a verdade permanece nas sombras. Mas é inegável que o futebol brasileiro com a parceria de Rodrigo Paiva e Ronaldo Fenômeno é um palco de intrigas que ridiculariza e humilha o torcedor brasileiro.