Entidade mundial adota punição esportiva para casos de racismo nas 211 países filiados; CBF foi pioneira e incluiu sanções aos clubes no ano passado
A Fifa anunciou nesta sexta-feira (17) o plano global de combate ao racismo no futebol envolvendo os 211 países filiados. A entidade que comanda o futebol no planeta vai recomendar que todas as federações nacionais incluam, em seus códigos disciplinares, artigos específicos para enquadrar crimes de racismo com “sanções próprias e severas”, incluindo o encerramento da partida. Pela proposta, a derrota será decretada ao time que estiver associado ao ato racista.
“O racismo é algo terrível. É um flagelo na nossa sociedade e está infiltrado também no futebol. Por muito tempo, não fomos capazes de enfrentá-lo de forma adequada”, afirmou o presidente da Fifa, Gianni Infantino. “Precisamos nos levantar e derrotar o racismo juntos”, acrescentou.
A punição imposta pela Fifa é semelhante à adotada pela CBF no ano passado. “A decisão anunciada nesta sexta-feira é histórica e mostra a coragem do presidente Gianni Infantino e de todas as federações filiadas em lutar contra o racismo no futebol e no mundo. Fico ainda mais contente por essa luta fazer parte da minha história”, disse o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, o primeiro negro a comandar a entidade em mais de 100 anos de história.
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Créditos: FIFA
A CBF foi a primeira confederação nacional a desafiar os racistas com punições esportivas. No ano passado, a entidade incluiu no Regulamento Geral de Competições sanções para casos de racismo e outras formas de preconceito.
“Quando entrei no Conselho da Fifa em março do ano passado, anunciei que essa luta seria uma das minhas bandeiras na entidade. Por isso, a minha satisfação é ainda maior. O racismo é um crime que atinge a alma e não há mais espaço para racistas no futebol”, completou Ednaldo Rodrigues.
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Créditos: FIFA
BRAÇOS CRUZADOS PARA DENUNCIAR O RACISMO
O segundo dos cinco pontos do plano anunciado pela Fifa nesta sexta-feira é a criação de um gesto específico (os dois braços cruzados na altura dos punhos, com as mãos estendidas e os dedos esticados) para os jogadores comunicarem agressões racistas. O mesmo gesto deve ser feito pelos árbitros, seguindo a lógica de como fazem o quadrado no ar com os dedos para indicar o uso do VAR. O intuito é informar ao público que vai ter início o protocolo de três passos, também obrigatório a partir de agora para as 211 associações nacionais de futebol
O protocolo de três passos funciona da seguinte maneira:
1. O árbitro deve parar e pedir um anúncio (ao sistema de som e/ou telão) exigindo o fim do comportamento racista;
2. Caso os atos continuem, o árbitro pode suspender a partida temporariamente, com a saída dos times de campo e um novo anúncio de advertência;
3. Finalmente, se o comportamento ainda persistir, o árbitro pode determinar o fim da partida, com derrota do time associado aos atos racistas.
De acordo com o plano anunciado no Congresso nesta sexta-feira em Bangkok, a Fifa anunciou mais três iniciativas. A entidade recomenda que o racismo seja reconhecido como crime em todos os países do mundo. A Fifa vai também investir na promoção de iniciativas educativas em conjunto com escolas e governos, além de criar um novo Painel anti-Racismo de Jogadores composto por ex-atletas. O órgão vai monitorar e aconselhar a implementação destas ações em todo o mundo.