Sob o comando da camisa 10, Orlando Pride é líder da NWSL, está invicto há 23 jogos e busca outros recordes na liga
O segredo talvez nem ela mesma saiba. Mas parece que a camisa 10 Marta encontrou a fonte da juventude em 2024. Aos 38 anos, a craque brasileira vem derrubando, jogo a jogo, marcas que há algum tempo ela não alcançava mais em campo e caminha para fazer sua melhor temporada no. Estados Unidos desde 2017. Neste sábado, ao fechar a vitória do Orlando Pride por 3 a 1 sobre Houston Dash, Marta chegou a sete gols na NWSL. Ela é a artilheira entre as 12 brasileiras que disputam a liga feminina dos Estados Unidos, dois gols à frente da sua colega de time Adriana e de Bia Zaneratto, do Kansas City Current.
Com dez gols este ano, incluindo os três marcados pela seleção brasileira, Marta já superou os nove de 2019 (seis pelo clube e três com a camisa do Brasil). Também em outras estatísticas pessoais relevantes, como jogos e minutos em campo pelo Orlando Pride, Marta tem tudo para terminar 2024 atrás apenas da sua temporada de estreia no clube, sete anos atrás.
– Foi um gol incrível. O time todo estava indo para o ataque, e ela fez tudo sozinha. Ela é incrível – comentou a também brasileira Angelina, sua colega no Pride e na seleção, após a partida de sábado.
O gol marcado aos 46 do segundo tempo, após uma arrancada em que deixou duas adversárias para trás, mostra que o fôlego da meia-atacante está mesmo em dia. Titular absoluta do Orlando Pride, Marta soma 1.498 minutos em campo este ano pela NWSL, com 19 partidas disputadas (16 como titular). Superou contra o Houston Dash os 1.446 de 2023, ainda com quatro jogos para fazer na temporada regular. Faltam justamente 90 minutos – mais uma partida, portanto – para ela chegar aos 1.588 de 2021.
Em 2017, 13 gols em 24 partidas no Pride
Em 2017, quando chegou do Rosengard, da Suécia, aos 31 anos, Marta teve o que é até hoje seu melhor desempenho no Pride em gols marcados (13), jogos (24, sendo 22 como titular) e minutos em campo (2.020). O time foi terceiro colocado na temporada regular, mas acabou eliminado na semifinal.
O Orlando Pride nunca mais chegou aos playoffs da NWSL. Até este ano. Primeiro a garantir vaga nas quartas de final, o time de Marta e das também brasileiras Adriana, Angelina, Rafaelle e Luana é o líder disparado da fase classificatória de 2024, com 54 pontos, sete à frente do Washington Spirit. Já garantiu um recorde – 23 jogos de invencibilidade – e se aproxima de outras marcas históricas na liga americana.
Com 16 vitórias, faltando quatro jogos para o fim da temporada regular, além dos playoffs, o Pride tem tudo para igualar e mesmo passar o recorde de 17 vitórias do North Carolina Courage em 2018. O time de Marta já é recordista em vitórias consecutivas, com as oito alcançadas logo no início da temporada. E o próximo jogo, domingo, contra o vice-líder Washington Spirit, pode garantir antecipadamente a taça inédita da NWSL Shield, dada ao líder da temporada regular.
Marta, Barbra Banda e Adriana em treino do Orlando Pride, dos EUA — Foto: Divulgação/Orlando Pride
Marta e Banda têm metade dos gols do time
Uma transformação e tanto para o time que, ano passado, ficou a uma vaga dos playoffs, perdendo a classificação no saldo de gols para o Gotham FC, que acabaria campeão. A chegada da atacante Barbra Banda, da seleção de Zâmbia, elevou o nível da equipe este ano. E Marta cresceu junto.
A dupla de ataque formada pela brasileira de 38 anos e a zambiana de 24 é responsável por 20 gols na NWSL, metade dos 40 feitos pela equipe.
– É muito fácil jogar com essas jogadoras. Nós conseguimos bons espaços, nós procuramos umas as outras, isso torna tudo mais fácil – disse Angelina após a vitória sobre o Houston Dash.
Torcida marca presença
Buscar o recorde de melhor ataque da NWSL – 54 gols feitos pelo Courage em 2019 – não será fácil. Mas a melhor defesa da história da NWSL, caminha para ser do Orlando Pride, com 13 gols sofridos, quatro a menos do que os 17 do recordista Washington Spirit de 2018. O desempenho defensivo já alcançou uma meta inédita na liga americana: 554 minutos seguidos sem levar gol, recorde batido neste sábado.
O jogo contra o Houston Dash também confirmou a conexão do Pride com a torcida: 17.087 torcedores viram a partida de sábado, segundo maior público da história da equipe.
– No início da temporada, uma das nossas metas era ter mais torcedores vindo nos ver jogar em casa. É nosso dever entregar o melhor desempenho, e as jogadores estão dando absolutamente tudo em campo. Elas estão indo muito bem e é algo que eu não consigo expressar em palavras – disse o técnico Seb Hines.