A CBF tem uma “embaixada” no Distrito Federal pela primeira vez desde o fim da era Ricardo Teixeira. Como antecipou o blog, a entidade máxima do futebol brasileiro inaugurou a sucursal na noite desta terça-feira no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, com a bênção do governador Ibaneis Rocha e do ministro Paulo Pimenta – representante do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Anfitrião, Ednaldo Alves veio de Orlando a Brasília para receber convidados e deixou a cidade em voo fretado rumo ao Rio para retornar aos Estados Unidos a tempo de acompanhar a Seleção na Copa América. O Brasil estreia segunda-feira contra a Costa Rica.
A rua apertada em frente à casa alugada pela CBF ficou pequena para o desembarque de autoridades. Não havia mais vagas para os manobristas estacionarem veículos de luxo. Vizinhos aguardavam pacientemente a desobstrução para finalmente acessar as residências. Dois feixes de luz apontados para o céu indicavam o local exato do coquetel especial com lideranças femininas em comemoração à escolha do Brasil como país sede da Copa do Mundo Feminina de 2027. O acesso restrito era rigorosamente conferido na entrada. Parlamentares como a senadora Leila Barros e a deputada distrital Paula Belmonte constavam na lista de Ednaldo.
Coube ao governador Ibaneis Rocha inaugurar o endereço. “Eu fico muito feliz pela inauguração dessa representação da CBF aqui em Brasília. Nós nos ressentíamos muito da falta da presença da CBF no Distrito Federal. Para nós, era um símbolo de muita importância. Esse contato com a política, com os parlamentares, com o Congresso Nacional faz parte da interação entre a política nacional e o futebol, que é o maior paixão dos brasileiros”, discursou chefe do executivo local.
“Isso (representação da CBF) certamente vai estreitar os laços cada vez mais. Brasília vai receber oito jogos da Copa do Mundo Feminina (em 2027). Com certeza será um evento de muito sucesso. Todos nós do Distrito Federal sempre estaremos disponíveis”, prometeu o governador.
Há três meses, Ednaldo Rodrigues foi aconselhado a ter uma sucursal em Brasília. O dirigente atendeu e a entidade estará mais próxima do poder executivo, legislativo e judiciário. Não que isso seja novidade. Presidente da CBF de 1989 a 2012, Ricardo Teixeira alugou uma mansão durante a gestão dele para as relações institucionais. O escritório foi até palco da apresentação de Luiz Felipe Scolari como técnico da Seleção em 2001. Ele voou de Belo Horizonte, onde comandava o Cruzeiro, rumo ao aeroporto de Brasília para dar início ao projeto do penta.
Ednaldo Rodrigues decidiu locar a casa para ser o “puxadinho” da sede da CBF, principalmente, no envolvimento com questões sociais. “Fui eleito com a maior votação da história da instituição (CBF). É um trabalho que está iniciando. Temos muitos obstáculos, mas estamos sempre procurando vencê-los. Acabamos de completar 110 anos. Éramos uma instituição muito fechada, muito retraída, principalmente em bandeiras importantes a serem defendidas, principalmente a discriminação de qualquer natureza e o racismo. Quebrei vários paradigmas. Sou nordestino e negro”, afirmou Ednaldo Rodrigues, com aplausos dos convidados.
“Essa residência que estamos inaugurando em Brasília, esse espaço, é de todos vocês. Queremos ter sugestões, propostas, e a CBF está aberta, principalmente no que diz respeito a desigualdade, discriminação e o racismo”, discursou o dirigente máximo da CBF.
Uma das principais bandeiras dele é a igualdade de gênero. A intensificação das campanhas contra qualquer tipo de violência contra as mulheres antes, durante e depois da Copa do Mundo Feminina no Brasil em 2027. “Queremos que as mulheres estejam inseridas na Copa do Mundo de 2027. Estamos abrindo as portas para não fugir dos debates e fazemos inclusão social. Que possamos ter mais atletas, mas também gestoras, treinadoras”, projeta.
Ednaldo Rodrigues aumentou a frequência de viagens a Brasília. Recentemente, passou pelo Congresso Nacional em um corpo a corpo com líderes partidários e almoçou na residência do governador Ibaneis Rocha. Retorna para inaugurar a sucursal da CBF e voltará mais vezes depois da realização da Copa América, principalmente para tocar a Copa do Mundo de 2027.